Os arquétipos de Jung e o marketing para buyer personas: Conectando a Psicologia ao Comportamento do Consumidor
- Paloma Bower
- 14 de out. de 2024
- 4 min de leitura
Atualizado: 31 de jan.
No mundo do marketing, entender o comportamento do consumidor é essencial para criar campanhas eficazes e estabelecer uma conexão genuína com o público-alvo. Carl Jung, renomado psicólogo, introduziu a teoria dos arquétipos, figuras universais que residem no inconsciente coletivo e moldam nossa maneira de ver o mundo. Essa teoria, amplamente usada em diversas áreas, tem uma aplicação direta no marketing, especialmente na criação de buyer personas e no desenvolvimento de estratégias para comunicar com autenticidade e emoção.

O que são arquétipos?
Segundo Jung, os arquétipos são padrões ou símbolos universais que surgem no inconsciente coletivo, compartilhados por todas as culturas e sociedades. Eles são representações de temas recorrentes da experiência humana, como o Herói, o Sábio, o Rebelde e o Amante. No marketing, esses arquétipos ajudam a personificar marcas, trazendo uma personalidade que ressoa com o público em nível emocional.
Os arquétipos são frequentemente usados para definir não apenas as características da marca, mas também para compreender quem são os consumidores – ou melhor, suas buyer personas. Essas personas são representações semi-fictícias dos clientes ideais de uma empresa, baseadas em dados demográficos, comportamentais e psicográficos. Associar essas personas aos arquétipos de Jung permite criar mensagens que falam diretamente ao coração das necessidades e desejos dos consumidores.
Os 12 Arquétipos de Jung no Marketing
Jung categorizou 12 arquétipos principais, cada um com características específicas que podem ser exploradas no desenvolvimento de buyer personas. Vamos analisar como esses arquétipos se conectam às personas de marketing e como eles moldam estratégias de comunicação.
1. O Inocente
Motivado pela pureza, honestidade e busca por felicidade, o Inocente busca segurança e simplicidade. Uma buyer persona que se encaixa nesse arquétipo valoriza produtos e serviços que proporcionam paz de espírito e uma experiência sem complicações. No marketing, as marcas podem usar imagens claras, mensagens otimistas e promessas de felicidade.
Exemplo: Marcas de produtos naturais e sustentáveis, como TOMS e Dove, que promovem bem-estar e bondade.
2. O Explorador
Com sede de aventura e desejo por liberdade, o Explorador quer experiências novas e diferentes. Buyer personas nesse perfil são atraídas por marcas que oferecem inovação e autenticidade. O marketing para esses consumidores deve destacar a jornada e a individualidade.
Exemplo: Jeep e The North Face, que vendem experiências ao ar livre e promovem a liberdade de exploração.
3. O Sábio
Buscando conhecimento e verdade, o Sábio valoriza a profundidade intelectual e a aprendizagem. Buyer personas nesse arquétipo querem se sentir informadas e inteligentes em suas escolhas. As marcas devem oferecer conteúdo educativo e transparentemente confiável.
Exemplo: Harvard Business Review e TED Talks, com foco em conteúdo informativo e educativo.
4. O Herói
Determinado a fazer a diferença e superar desafios, o Herói é motivado pela coragem e força. Buyer personas identificadas com esse arquétipo se conectam com marcas que as ajudam a atingir grandes objetivos e conquistar o sucesso. A narrativa de marketing deve ser focada em superação e conquista.
Exemplo: Nike e Red Bull, que incentivam a superação de limites e a busca pela excelência.
5. O Fora da Lei (Rebelde)
O Rebelde deseja mudança e rejeita normas estabelecidas. Buyer personas rebeldes gostam de produtos que representam liberdade e revolução. Marcas que adotam esse arquétipo precisam desafiar o status quo e provocar mudanças sociais ou comportamentais.
Exemplo: Harley-Davidson e Diesel, marcas que falam com aqueles que querem romper com o convencional.
6. O Mágico
O Mágico é movido pela transformação e pelo desejo de criar algo especial. Buyer personas conectadas a este arquétipo buscam encantamento e experiências que transcendam o comum. Marcas que se comunicam através desse arquétipo oferecem soluções transformadoras.
Exemplo: Disney e Apple, que prometem transformar o ordinário em algo extraordinário.
7. O Amante
Movido pelo desejo de criar conexões emocionais, o Amante valoriza paixão, beleza e intimidade. Buyer personas desse arquétipo buscam produtos que os façam sentir especiais e conectados. As marcas devem promover experiências sensoriais e afetivas.
Exemplo: Chanel e Victoria’s Secret, que personificam desejo, beleza e elegância.
8. O Bobo da Corte
O Bobo da Corte gosta de se divertir e espalhar alegria. Buyer personas que se identificam com esse arquétipo preferem marcas leves, que tragam diversão e entretenimento. As campanhas de marketing podem ser mais descontraídas e focadas no prazer imediato.
Exemplo: Old Spice e Ben & Jerry’s, marcas irreverentes e focadas em provocar sorrisos.
9. O Criador
O Criador busca inovação e originalidade. Buyer personas desse arquétipo são criativas e gostam de produtos que permitem a autoexpressão. O marketing deve destacar o poder de criação e personalização.
Exemplo: LEGO e Adobe, que oferecem ferramentas para a expressão criativa.
10. O Governante
O Governante gosta de controle e ordem. Buyer personas desse perfil buscam produtos premium e de alta qualidade que reflitam seu status. As marcas devem promover confiança, poder e exclusividade.
Exemplo: Mercedes-Benz e Rolex, que simbolizam sucesso e autoridade.
11. O Prestativo
Movido pela compaixão, o Prestativo quer servir e ajudar. Buyer personas desse arquétipo procuram produtos que melhorem suas vidas e as vidas dos outros. O marketing deve focar em como a marca ajuda a resolver problemas e apoiar causas sociais.
Exemplo: Unicef e Médicos Sem Fronteiras, que focam em altruísmo e serviço ao próximo.
12. O Cuidador
Semelhante ao Prestativo, o Cuidador busca proteger e cuidar dos outros. Buyer personas deste arquétipo são atraídas por marcas que promovem bem-estar e proteção. O marketing deve enfatizar empatia e apoio.
Exemplo: Johnson & Johnson e Pampers, que promovem segurança e cuidado.
A Importância dos Arquétipos na Criação de Buyer Personas

Utilizar os arquétipos de Jung no marketing vai além de escolher uma "personalidade" para a marca; trata-se de alinhar os valores e a comunicação com as expectativas emocionais do consumidor. Quando bem aplicados, os arquétipos permitem que as empresas criem conexões autênticas, gerando lealdade e identificação profunda. As buyer personas, ao serem associadas aos arquétipos, tornam-se mais que simples representações de dados – elas ganham uma dimensão psicológica que facilita o entendimento de como e por que os consumidores se comportam de certa forma.
Ao mapear as buyer personas dentro dos arquétipos de Jung, o marketing se torna uma ferramenta poderosa para desenvolver campanhas mais empáticas, que dialogam diretamente com os desejos inconscientes do público. Essa abordagem, fundamentada na psicologia, tem o potencial de transformar marcas em ícones e consumidores em verdadeiros defensores da marca.
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